Sim, escrevo Saudades com letra grande porque são muitas. São tantas que não cabem na palavra Saudades. Hoje olhava para a mensagem que o meus pais me enviaram ontem à noite: "Dorme bem. BEIJINHOS". Os beijinhos são escritos em maiúsculas, como que a tentarem ser maiores do que a palavra escrita.
Estou a viver na Irlanda há 5 meses. O início foi terrível, as saudades eram mais que muitas, da família, dos amigos, dos meus animais (que são família, mas que quero destacar), da minha cidade maravilhosa que tanto me dá, da minha casa, do conforto do meu país. Tudo era diferente, estranho, pior.
A minha adaptação foi dolorosa e demorada, foi a custo que cheguei aqui, onde estou agora. A este estado de espírito tranquilo, a esta certeza de que é aqui que quero estar agora, porque sei o que quero fazer.
Às vezes temos de nos perder no fundo de nós, para nos encontrarmos uns tempos depois. No processo temos muito medo, desesperamos, sentimo-nos sozinhos e tristes, perdidos. Sobretudo perdidos, sem sabermos para onde ir e o que nos espera no caminho. É o caminho que nos mete medo, que nos paralisa. E não, não vemos luz nenhuma ao fundo do túnel! Está tudo escuro, mesmo.
Mas, aos poucos, vamos caminhando e as luzes vão sendo ligadas, aos poucos, como candeeiros espalhados por todo o lado. A vida vai-nos mostrando os lados bons daquilo que achamos tão mau. E os candeeiros vão acendendo, uns mais à frente, outros lá atrás, que nos mostram que aquilo que em tempos achámos mau, afinal pode ser bom.
Este caminho depende de nós. Independentemente de quem temos ao nosso lado, este caminho somos nós que fazemos porque quem esá connosco não faz ideia de qual é o nosso caminho. É dentro de nós que encontramos as respostas às nossas dúvidas, aos nossos medos. Somos nós que temos de nos dar o tempo que precisamos para fazermos o nosso caminho. O mais importante? Saber perdoar-nos a nós próprios. E gostarmos de nós.